domingo, 24 de maio de 2009

A Polly e a pedra!

Tudo estava muito lindo naquele dia, a noite anterior tinha sido muito boa, conversas, cervejas uma pedalada básica no final da noite, uma reunião de amigos, um filme e depois, o merecido descanso.
Ficou acertado, na noite anterior, que assim que levantássemos, iríamos conhecer uma possível casa para morarmos, a proposta era tão boa que chegava até a ser indecente.
Morar num chalé, no meio de outros chalés, dentro de uma chácara, com piscina de água corrente, um ribeirão e duas quedas d`água, fora a extensa vegetação do local, muito silêncio, muita calma, e o que é melhor, tudo isso por um preço muito muito baixo, e o que é melhor ainda, tudo isso a apenas 13 km do centro da cidade.
Poxa, o que são 13 km de bike??? Praticamente nada.
Levantamos cedo, quer dizer, cedo para um dia de sábado, resolvemos levar as bikes no carro e voltar pedalando. A Musa se propôs a levar todo mundo no seu carro comunitário, é lá fomos nós: a Musa, nós três e as três bikes.
Chegamos ao local, conhecemos os chalés, a piscina, o ribeirão e as quedas d`água, conhecemos a proprietária, uma senhorinha muito gentil que nos tratou muito bem, me senti em casa, era mesmo como se fosse parte da família...
Nos despedimos da senhoria, tiramos as bikes do carro, nos despedimos da Musa (não antes de combinar de encontrá-la no final do percurso para um farto café da manhã), enfim, estava na hora de avaliar se a distância e principalmente o percurso seria tranquilo para uma pedalada diária.
Pra ir pela pista de asfalto o caminho era extremamente mais longo, então, de maneira bem simples e natural optamos por ir pelo caminho de terra, afinal eram apenas 900 metros de descida e já sairíamos numa ciclovia bem segura, depois, ao final da ciclovia, teríamos mais uns 10 km de descida pelo asfalto, o que, na nossa avaliação, seria tranquilo demais.
E lá fomos nós, conversando, rindo e fazendo planos, pedalando pela estradinha de terra, até que começou a primeira ladeira.
Me posicionei atrás do grupo, afinal de contas, a minha bike estava (e ainda está) com o problemas no freio.
Tudo correu bem nos primeiros 500 metros de percurso, apesar da nítida velocidade que a querida Jah estava imprimindo em sua magrela.
Na segunda fase da descida a coisa se configurou de uma forma mais espantosa, eu sofria para segurar a Natasha sem freio naquela trilha esburacada e escorregadia, o Yu descia tranquilamente mais a frente, se apossando completamente da sua MTB, diga-se de passagem que além de perfeitinha era a única adequada para aquele tipo de terreno, e beeeeem lá na frente a Jah voava desgovernada em cima da Polly.
Depois de assistir, atônito a descida alucinante, me deparei com uma das cenas mais chocantes que já vi, tudo bem que por já ter feito muitas trilhas de bike já presenciei muitas e muitas quedas, alguns cortes profundos e outros tantos tropeços e hematomas, mas nada que se compare a tal colisão...
Ela ia firme e forte, em velocidade crescente, até se chocar de frente com uma parede de pedra bem no meio da trilha... a pancada foi forte, seca, o barulho, também seco, um estampido alto, algo inenarrável... a bike voou para um lado, a Jah para o outro, decolou uns dois metros de altura, ainda bateu a cabeça na pedra e se estatelou no chão.
Sorte estar com o capacete, creio que isso tenha salvado sua vida.
Chegamos logo atrás dela, tentamos manter a calma, tranquilizá-la e identificar a gravidade do caso.
Vi algumas partes esfoladas, o ombro meio inchado, a mão sangrando... mas por incrível que pareça ela estava bem, conversando, reagindo e bem consciente do que estava acontecendo.
Liguei para a Musa que veio ao nosso encontro, colocamos as bikes de volta no carro e fomos dirto para o hospital.
Apesar de algum contratempo no atendimento do PS, tudo correu bem, nenhum corte profundo, nenhuma hemorragia, nenhuma fratura, apenas dores pelo corpo todo, um monte de esfolamentos aqui e acolá e uma bela história de aventura para contar ...
Agora a Jah está se recuperando e a Polly vai ter que passar por uma troca geral de peças, as rodas se foram, o cubo dianteiro também, tavez o garfo e o guidão também precisem de reposição...
Mas a vida é assim mesmo, o negócio agora é dar risada e se precaver para que isso não ocorra novamente, nem com a Jah e nem com mais nenhum de nossos amigos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Inventor de Bicicletas



Do Jornal de Noticias










João Maio, 68 anos, dorme com um papel e um lápis para durante a noite registar ideias para novas bicicletas, soluções para quem tem limitações físicas. A uma delas chamou-lhe "cavalo".
Já foi questionado por polícias, filmado por transeuntes e quase provocou colisões nas estradas.
O "cavalo", a bicicleta criada por João Maio, não passa despercebido. O pedalar faz a diferença: o movimento vertical substitui o circulatório na invenção deste aveirense de 68 anos. Técnico oficial de contas, Maio foi sargento da Força Aérea e quando regressou ficou com a serralharia do pai, a "Reparadora Santa Joana". O negócio vivia do arranjo de bicicletas. João Maio nasceu no meio das duas rodas e sempre gostou de pedalar, ao contrário de andar, o exercício físico receitado pela médica para melhorar os problemas cardíacos detectados em meados da década de 90. Saturado de circular 30 minutos por dia a pé, Maio pensou numa alternativa, "uma máquina que fizesse o mesmo efeito". "Comecei a soldar uns ferros aqui, outros ali, e ao fim de um ano tinha inventado o 'cavalo'", a bicicleta que Maio considera mais completa. "Pedalamos com a coluna direita e fazemos metade do esforço porque o peso do corpo acciona metade do movimento da roda,", explica.
A "terapêutica" funcionou e de tal forma os resultados impressionaram a médica, que a "doutora" encomendou um "cavalo" ao paciente. O velocípede está ainda equipado com um suporte que o transforma numa bicicleta de manutenção, fixa. João Maio admite que a bicicleta (400 euros) é cara, "devido aos materiais e à especificidade de construção", e que, por isso, comercializada poucas. Mas não está preocupado com isso, de tal forma que nunca pensou vender a ideia a um construtor de bicicletas, "nem tão pouco registei a patente", revela.
Mais importante que o dinheiro, diz, é a "alegria de inventar, de criar bicicletas que melhorem a vida das pessoas", nomeadamente dos idosos e de deficientes motores. "Os pais de duas crianças paraplégicas, da Trofa e de Lisboa, foram à minha oficina pedir ajuda. Os filhos queriam andar de bicicleta como os outros meninos. Não descansei enquanto não lhe resolvi o problema. Muitas vezes pensando durante a noite, até durmo com um bloco e uma caneta na mesa de cabeceira para registar possíveis soluções. Foi assim que criei 'triciclos' adaptados ao tamanho e às capacidades de cada um", conta com orgulho. O mesmo com que faz tricicletas de tracção manual. "Tenha o problema que tiver, ninguém sai daqui sem uma bicicleta", garante.

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