terça-feira, 5 de maio de 2009

Inventor de Bicicletas



Do Jornal de Noticias










João Maio, 68 anos, dorme com um papel e um lápis para durante a noite registar ideias para novas bicicletas, soluções para quem tem limitações físicas. A uma delas chamou-lhe "cavalo".
Já foi questionado por polícias, filmado por transeuntes e quase provocou colisões nas estradas.
O "cavalo", a bicicleta criada por João Maio, não passa despercebido. O pedalar faz a diferença: o movimento vertical substitui o circulatório na invenção deste aveirense de 68 anos. Técnico oficial de contas, Maio foi sargento da Força Aérea e quando regressou ficou com a serralharia do pai, a "Reparadora Santa Joana". O negócio vivia do arranjo de bicicletas. João Maio nasceu no meio das duas rodas e sempre gostou de pedalar, ao contrário de andar, o exercício físico receitado pela médica para melhorar os problemas cardíacos detectados em meados da década de 90. Saturado de circular 30 minutos por dia a pé, Maio pensou numa alternativa, "uma máquina que fizesse o mesmo efeito". "Comecei a soldar uns ferros aqui, outros ali, e ao fim de um ano tinha inventado o 'cavalo'", a bicicleta que Maio considera mais completa. "Pedalamos com a coluna direita e fazemos metade do esforço porque o peso do corpo acciona metade do movimento da roda,", explica.
A "terapêutica" funcionou e de tal forma os resultados impressionaram a médica, que a "doutora" encomendou um "cavalo" ao paciente. O velocípede está ainda equipado com um suporte que o transforma numa bicicleta de manutenção, fixa. João Maio admite que a bicicleta (400 euros) é cara, "devido aos materiais e à especificidade de construção", e que, por isso, comercializada poucas. Mas não está preocupado com isso, de tal forma que nunca pensou vender a ideia a um construtor de bicicletas, "nem tão pouco registei a patente", revela.
Mais importante que o dinheiro, diz, é a "alegria de inventar, de criar bicicletas que melhorem a vida das pessoas", nomeadamente dos idosos e de deficientes motores. "Os pais de duas crianças paraplégicas, da Trofa e de Lisboa, foram à minha oficina pedir ajuda. Os filhos queriam andar de bicicleta como os outros meninos. Não descansei enquanto não lhe resolvi o problema. Muitas vezes pensando durante a noite, até durmo com um bloco e uma caneta na mesa de cabeceira para registar possíveis soluções. Foi assim que criei 'triciclos' adaptados ao tamanho e às capacidades de cada um", conta com orgulho. O mesmo com que faz tricicletas de tracção manual. "Tenha o problema que tiver, ninguém sai daqui sem uma bicicleta", garante.

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