segunda-feira, 17 de agosto de 2009

3 anos sem Pedro Davison


Segue e-mail da querida Beth Davison.

É de extrema importância, que nós (ciclistas, bicicleteiros e/ou seja lá a denominação que usamos), façamos essa leitura e uma profunda reflexão sobre o fato, o contexto e todas as consequências prováveis e inimagináveis.

Para quem AINDA não sabe do que se trata ou quer mais informações, acessem o link abaixo.

http://bicicletanavia.multiply.com/journal/item/91


Esperamos ter um grande número de usuários de bicicleta neste dia!

LEIAM COM ATENÇÃO!

Na próxima quarta-feira, às 19h30, na Igrejinha da 308 Sul, será celebrada missa em memória do nosso filho Pedro Davison por ocasião do 3º ano que passamos sem a sua presença entre nós.

Contamos com a participação de todos aqueles que comungam com os ideais que nortearam o caminho do Pedro de respeito à vida e a harmonia com a natureza como princípios para uma sociedade mais justa e feliz.

Pedrinho acreditava que a ação de cada um fazia a diferença; tinha a bicicleta como opção de transporte saudável e ambientalmente sustentável e a fé na construção de um futuro livre da violência e do desrespeito aos direitos que marcam nosso cotidiano.

A dor da sua ausência e o vazio que angustia serão companheiras na alma de todos que o amavam, mas não impedirão que sua alegria de viver, seu exemplo de bondade, simplicidade e compreensão permaneçam como guias de fé no compromisso que todos temos de lutar por um mundo melhor, justo e com respeito ao direito de cada um construir sua própria felicidade.

O amor do Pedro pelo ciclismo nos fez engajar na luta pelo direito de escolha do uso da bicicleta como opção de transporte.

Agradecemos a Deus pelo filho que nos deu e por nos ter proporcionado a alegria de tê-lo junto a nós por esses vinte e cinco anos.

Agradecemos também por todos aqueles que nos ajudam no dia a dia a reconstruir um futuro possível.

A missa pelo Pedrinho será também a lembrança de tantos outros que se foram em iguais circunstâncias; às famílias igualmente vítimas da violência; um ato de fé e esperança naqueles que tem o compromisso da mudança; àqueles que não dizem sim ao inaceitável.

Obrigado a todos que puderem participar e ficaremos imensamente reconhecidos aos que comparecerem em suas bicicletas.

Beth e Persio Davison

terça-feira, 11 de agosto de 2009

"O futuro não virá dos carros"

"O futuro não virá dos carros"

O diretor das Nações Unidas para o meio ambiente diz que os novos empregos estarão nas indústrias limpas

Por Alexandre Mansur
Para a revista Época

O mundo vive hoje duas crises. Uma financeira, outra ambiental. Para o economista alemão (nascido no Brasil) Achim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a saída para ambas passa pelo mesmo caminho: investimento em tecnologias limpas e eficiência energética que nos ajudem a reduzir as emissões de poluentes causadores do aquecimento global. O plano proposto por Steiner foi batizado de New Green Deal (Novo Pacto Verde), em alusão ao New Deal dos anos 30 nos Estados Unidos. Em entrevista a ÉPOCA, ele diz que a energia renovável já emprega mais gente hoje que a indústria de petróleo e gás. E que o Brasil, que reduz o imposto dos automóveis para estimular a economia, precisa avaliar se o transporte individual tem reais perspectivas de gerar empregos, desenvolvimento e competitividade para o país nos próximos anos.

ENTREVISTA – ACHIM STEINER

QUEM É:
Nasceu em Carazinho, Rio Grande do Sul, onde viveu até os 10 anos. É alemão, casado e tem dois filhos, de 8 e 6 anos.

O QUE FAZ:

Diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Foi diretor do IUCN, a maior organização científica ligada a conservação.

ONDE ESTUDOU:
Estudou economia nas universidades de Oxford e de Londres. Leciona na Escola de Negócios Harvard, nos EUA, e no Instituto Alemão de Desenvolvimento, em Berlim.


ÉPOCAO senhor lançou, no ano passado, a iniciativa por um Novo Pacto Verde global. Que país o senhor apontaria como líder nesse movimento?
Achim Steiner – Nenhum país serviria de modelo agora. Mas vários oferecem bons exemplos. O Brasil se beneficiou das mudanças climáticas porque seu programa de etanol, desenvolvido para atender a demandas domésticas, ganhou potencial de exportação. A Alemanha, que há dez anos criou taxas para estimular a produção independente de energia, virou o maior produtor de energia dos ventos do mundo. A Coreia do Norte, em plena crise econômica, empenhou 1% do PIB em investimentos verdes. Nos EUA, o pacote de estímulo econômico de Barack Obama destina US$ 80 bilhões para gerar empregos verdes. A China está empenhando US$ 60 bilhões nisso. Mas é pouco. Os governos ainda gastam US$ 300 bilhões por ano em subsídios a atividades poluentes, ligadas ao consumo de combustíveis fósseis, como os carros. Você não pode pegar US$ 2 trilhões a US$ 3 trilhões emprestados da próxima geração para montar pacotes contra a crise e investir em tecnologias de ontem. Precisa apostar nas de amanhã, como técnicas modernas de construção, eficiência energética, transporte público e agricultura sustentável. A indústria das células fotovoltaicas (que geram eletricidade pela luz do sol) acredita que em dois ou três anos poderá competir em preço com as usinas termoelétricas. É daí que surgirão os empregos das próximas décadas.


ÉPOCAUm dos pontos importantes do pacote brasileiro de estímulo econômico foi o incentivo fiscal à indústria automobilística porque ela gera muito emprego.
Steiner – O auge de choque da crise financeira não é um bom momento para planejar a economia do futuro. É inquestionável que devemos estabilizar a economia, apoiando os setores existentes. Mas a economia verde já é uma grande empregadora. Segundo nossos levantamentos, em 2008 já há mais gente empregada no setor de energia renovável que na indústria de petróleo e gás. A Alemanha, o maior exportador do mundo, prevê que em dez anos terá mais empregos em tecnologias limpas que na indústria automobilística. A Siemens, uma das maiores multinacionais do país, diz que cerca de 20% de seu mercado global vem dos produtos de tecnologias limpas. Há seis anos, uma indústria têxtil na Índia percebeu a oportunidade de fazer geradores eólicos por causa dos blecautes. Virou a Suzlon, uma das maiores empresas de energia eólica do mundo. Na China, a Sun Tech virou, em seis anos, a terceira maior produtora de células fotovoltaicas do mundo. Sim, o Brasil tem seus automóveis. Mas precisa se perguntar como eles sobreviverão à transição que faremos à força para uma economia com menores emissões e menos transporte individual.
ÉPOCAEm dezembro, representantes de todos os países vão se encontrar em Copenhague para tentar fechar um acordo global para as mudanças climáticas. O senhor está otimista?
Steiner – Não sabemos se os políticos conseguirão criar as condições necessárias para fazer o que os cientistas recomendam. Segundo os pesquisadores, precisamos parar de aumentar nossas emissões de gases poluentes entre 2015 e 2020. Nos últimos meses, vimos representantes de alguns países assumindo, em encontros internacionais, compromissos de longo prazo para reduzir as emissões até 2050. Mas o que conseguirmos em Copenhague será mais definido pela negociação política que pela necessidade científica. Isso me preocupa. Porque até agora não há acordo real entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre como trabalharão juntos para conseguir as reduções. Também não há definição sobre o financiamento internacional aos projetos de redução de emissões das nações em desenvolvimento. Além disso, países como os EUA e o Japão estão ainda propondo metas de reduções de curto prazo, para 2020, bem abaixo das propostas pela Europa.

ÉPOCAPor que esse acordo de Copenhague é tão importante?
Steiner – Com base no que sabemos hoje sobre as mudanças climáticas, nossa civilização não está pronta para arcar com as consequências de um aquecimento maior que cerca de 2 graus célsius. Os custos seriam o equivalente a uma falência econômica global. Pesquisas brasileiras sugerem que esse grau de aquecimento tornaria impossível a manutenção da floresta amazônica. Não é apenas uma questão de ecossistemas e biodiversidade. A evaporação da floresta é uma bomba de água que alimenta boa parte do ciclo de chuvas em todo o continente. É apenas um exemplo dos sistemas naturais que seriam destruídos pelo grau de aquecimento para o qual estamos rumando hoje. Não podemos deixar essa herança para a próxima geração.
"Os governos ainda gastam US$ 300 bilhões subsidiandoatividades poluentes, ligadas aos combustíveis fósseis"

ÉPOCAPoucas nações cumpriram as metas acertadas em Kyoto, em 1997, e ninguém foi punido por isso. Por que seria diferente agora?
Steiner – À medida que as mudanças ficarem mais graves, as pressões entre os países vão aumentar. Já tivemos um debate quando o presidente Jacques Chirac, da França, sugeriu taxar as importações americanas porque os EUA não cumpriam as mesmas exigências ambientais que os europeus. Era uma desvantagem competitiva. A Organização Mundial do Comércio já indicou a possibilidade de aceitar tarifas para compensar os países que têm maiores restrições a emissões.

ÉPOCAE se não houver consenso?
Steiner – Na pior das hipóteses, eles podem decidir concluir as negociações em uma reunião subsequente. Também vai depender em parte da pressão do público sobre seus representantes. Além disso, o desempenho dos países para um acordo do clima também vai ser julgado nas urnas dos países democráticos.

ÉPOCASerá? Algum líder político já foi avaliado por sua atuação em relação a mudanças climáticas?
Steiner – Ninguém perde uma eleição apenas por causa de uma questão isolada. Mas há exemplos. O primeiro-ministro da Austrália, John Howard, foi derrotado em 2007, depois de quatro mandatos consecutivos. Uma das razões apontadas para a derrota foi sua posição muito conservadora nas negociações internacionais sobre o clima e nas medidas internas. Na França, o Partido Verde virou a segunda maior força no Congresso. Além disso, as mudanças climáticas são um fenômeno com várias consequências, e as pessoas avaliam se o governo oferece segurança, empregos, alimentos ou energia. Estou em Nairóbi, no Quênia, em uma região que terá de se adaptar à possível escassez de água. Isso pode ameaçar nossa produção de comida e de energia baseada em hidrelétricas.

ÉPOCAQue limite de emissões evitaria o pior cenário das mudanças climáticas?

Steiner – Segundo os cientistas, devemos reduzir as emissões em 50% até 2050 para estabilizar o aquecimento em 2 graus célsius. É um tremendo desafio se você considerar que vários países ainda estão aumentando suas emissões. Para atingir essa meta global, o mundo precisa parar de aumentar suas emissões entre 2015 e 2020. Como ajudar países como a África do Sul ou a China a aumentar a oferta de energia para seus cidadãos sem ter de queimar mais carvão ou gás? Em Copenhague, os países ricos terão de estabelecer fundos para financiar a transição tecnológica e os investimentos em infraestrutura dos países em desenvolvimento. Mas, em última instância, acredito que teremos um acordo. Porque as consequências de não interrompermos o aquecimento são intoleráveis para a humanidade.

sábado, 8 de agosto de 2009

O DIA EM QUE FUI DE CARRO PARA A BICLETADA!

O DIA EM QUE FUI DE CARRO PARA A BICLETADA

Mais uma sexta-feira de correrias, já estou me acostumando com isso, dia de Bicicletada, dia de correria.
É como dizemos, pedalar todos os dias, celebrar todos os meses.
E nessa última Bicicletada, havia algo diferente no ar, não sabia antecipar o que seria, talvez o fato de não termos divulgado tanto a Bicicletada deste mês, ou talvez o fato de saber que algumas pessoas que sempre animam a galera não estariam por lá... mas a expectativa de mais uma festa da propulsão humana sempre me deixa realmente instigado...
Corri com alguns trabalhos na parte da manhã e consegui tirar a tarde inteira de folga, uma tarde toda para correr atrás de tudo o que fosse necessário e posível para que a celebração fosse perfeita.
Já no início da tarde, recebi a ligação da Musa e fiquei sabendo que ela tinha conseguido um data-show para projetarmos um filme, ou vídeos na parede do Tijolão Nacional (também conhecido como Biblioteca Nacional).
Em seguida conseguimos uma aparelhagem de som e voilá, estava pronto a estrutura hightech para o evento, faltava agora conseguir a autorização, energia elétrica, extensão... e alguns detalhes.
Deixei a Natasha com a Musa e fui com o carro cheio de equipamentos, tintas, faixas em branco, stencils e toda a sorte e esperança que encontrei pelo caminho.
Era aproximadamente 17:00 quando cheguei então à querida Praça das Bicicletas, o sol ainda estava forte, o que me deixou animado demais.
Fiquei um tempo refletindo sobre dezenas de coisas, projetos, idéias, práticas e assim entrei na Biblioteca para buscar a autorização para o evento.
Felizmente o amigo Delanof já havia feito um telefone importante e tudo já estava pronto.
Voltei à Praça das Bicicletas e gelei, já eram 18:00 e ninguém havia aparecido ainda.
Corri para o carro e comecei a descarregar os equipamentos, computador, datashow, caixas de som, em poucos minutos estava tudo instalado e então após deixar alguns vídeos rolando, continuei descarregando as faixas e tintas.
Foi então que o pessoal começou a chegar, primeiro u grupo pequeno formado por um participante antigo da Bicicletada Brasília e mais três ou quatro "novatos"... em seguida mais gente, alguns já bem conhecidos e ativos e outros novatos...
Chegou também a polícia, uma viatura e algumas motos e vieram me perguntar o que era aquilo que estava acontecendo, se ia rolar manifestação nas ruas e todas essas besteiras que sempre perguntam... eles ficaram por ali até a hora em que a Bicicletada segui pedal, mas felizmente não houve nenhum tipo de indisposição entre eles e a gente.
Os vídeos estavam rolando na parede externa do tijolão, vídeos sobre a Bicicletada SP, a Bicicletada de Aracajú, a Critical Mass de Nova York, Dia Mundial Sem Carros e muito outros...
Já era mais de 19:00 e ainda não tínhamos tanta gente no grupo, surgiu então uma certa preocupação, não estava muito claro se deveríamos contiuar vendo os videos e conversando mais um pouco, ou deveríamos logo partir e tomar a cidade como sempre fazemos.
Nesse meio tempo, chegou a Musa na minha bicicleta e mais alguns amigos.
Optamos pela primeira alternativa, já que algumas pessoas estavam ficando impacientes e se esperássemos mais tempo o grupo poderia se dispersar ali mesmo.
E assim os vídeos foram interrompidos e demos início à Bicicletada de Inverno.
Este que vos escreve cometeu um sacrilégio imenso, desde Janeiro foi a primeira Bicicletada que eu não pedalei, pelo menos não integralmente, portanto peço para que alguém que tenha pedalado o tempo todo nos faça um relato de como foi a coisa todoa.
Com a ajuda da Musa, ficamos desmontando todo o equipamento e guardando de volta no carro, aproveitamos para agradecer a amiga Sandra, que foi a pessoa da Biblioteca que nos apoiou e prestigiou o evento e somente depois de um bom tempo, tentando ligar e saber onde a Bicicletada estava passando é que onseguimos pedalar e tentar alcançar o povo.
Coloquei alguns panos no bagageiro da Natasha para que ficasse um banquinho confortável e dei carona para a Musa e assim fomos pedalando, o Delano (que tinha retornado para nos buscar), eu e a Musa na garupa.
Encontramos a Bicicletada somente nos últimos 200 metros de percursso, mesmo assim foi bacana demais.
A Bicicletada de inverno em Brasília terminou na altura da 203 Norte, em frente à um bar/café amigo.
Ia rolar uma festa por ali e entao nos concentramos na frente, com muita baderna e celebração.
Enquanto estávamos ali, resolvemos fazer a nossa intervenção e usando um stecil (presente do Benicchio, da Bicicletada SP) feito especialmente para a rua, começamos a pintar, com tinta branca a nossa ciclofaixa em toda a quadra comercial.
Muito bacana esse trabalho em equipe, enquanto dois carregavam o estencil e pintavam o chão, outro levava a tinta e outros, de bike iam fazendo um cordão de segurança, desviando e em alguns casos parando os carros para que pudéssemos concluir nossa atividade com tranquilidade.
Ao final da intervenção, chegou uma viatura da polícia e um policial mais truculento começou a gritar e pedir satisfação do que estava acontecendo.
Infelizmente sobrou para Rodrigo que na hora era o que estava mais próximo da lata de tinta e do stencil que havia ficado secando no chão... depois de alguns minutos de discussão e tensão, os políciais foram embora acelerando violentamente a viatura, cantando pneu e batendo na porta enquanto partiam.
Nós também partimos, fomos pedalando tranquilamente para outro lugar, agora para confraternizar com mais calma e já começar as conversas e os preparativos para a próxima Bicicletada Brasília!Voltamos à Praça das Bicicletas, onde a Musa se despediu da minha garupa e foi com o carro carregado até o nosso próximo ponto de encontro... e assim ficamos, até de madrugada, conversando e se divertindo!

E foi assim que terminou a Bicicletada de Inverno em Brasília!!!

PS.: AINDA não tenho nenhuma foto deste dia... se alguém tiver e mandar, eu agradeço!!!