sexta-feira, 11 de março de 2011

Carta de desagravo à Folha de SP

Esta carta foi escrita e enviada à diversos e-mails de contato do jornal Folha de São Paulo em 10/03/2011.
Tentei o contato com o jornalista Rodrigo Vizeu, mas o mesmo não me deu retorno.
Publico aqui na íntegra para conhecimento de todos.


Nem todo brasileiro é apaixonado por carros


É com indignação e repúdio que redijo esta carta de desagravo, a qual tem como objetivo esclarecer sobre a matéria publicada na Folha. Intitulada “Com "bicicletadas", ativistas declaram guerra aos "monstroristas", a matéria foi escrita pelo jornalista Rodrigo Vizeu e publicada em 9/03/2011. (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/886188-com-bicicletadas-ativistas-declaram-guerra-aos-monstroristas.shtml)


Entre os dias 3 e 4 de março, O sr. Rodrigo Vizeu entrou em contato por telefone dizendo que estava montando uma matéria sobre a repercussão da tentativa de homicídio coletivo que aconteceu contra participantes da Massa Crítica (Bicicletada) de Porto Alegre, em 25/02/2011.


Como participante - e não representante – da Bicicletada Brasília, conversei longamente com o repórter e falei claramente sobre a situação de quem usa a bicicleta como meio de transporte, não só em Brasília como em todo o país. Falamos também das diversas manifestações em apoio à Massa Crítica de Porto Alegre, que acontecem não só no Brasil, mas também em outros países onde o fenômeno desmotorizado chamado “Critical Mass” se realiza há vários anos.


Infelizmente, o jornalista não captou o teor das conversas ou preferiu dar um tom sensacionalista para a questão, transformando a matéria em um ponto de divergência e certamente de polêmica, o que, de fato, pode contribuir para essa “guerra velada” que o citado repórter fez questão de criar.


Em momento algum, eu afirmei que sou contra o uso do carro. Defendo seu uso de forma racional e defendo, acima de tudo, o direito dos pedestres, ciclistas e pessoas com dificuldades de locomoção. Não se pode publicar algo com tanta falta de responsabilidade. O tom da matéria, a começar pelo título, é desrespeitoso e tem a clara intenção de criar um clima de terror e agressão entre motoristas e usuários de bicicleta.


Expressões como "monstroristas", "mautoristas", "frustrados que compraram carro para respirar fumaça", "covardes", todas citadas na matéria, não são usadas genericamente. Não é assim que nos referimos a qualquer pessoa atrás de um volante. Tais expressões são usadas em diversas situações para fazer referência aos milhares de motoristas que usam seus carros com egoísmo, transformando-os em uma arma que ameaça e ceifa milhares de vidas ao ano.


Acredito que a lei tenha que ser mais dura e exemplar para pessoas como o sr. Ricardo Neis, que utilizou o seu veículo como arma num momento de frustração pessoal e raiva incontida e fez um “strike” nas pessoas que participavam da celebração alegre realizada pela Massa Crítica em Porto Alegre.


O repórter Rodrigo Vizeu teria sido mais feliz se usasse outros elementos das conversas que teve com as pessoas citadas na reportagem. Não as conheço, mas tenho a tranquilidade de dizer que, assim como eu, elas também foram solícitas e contribuíram com a reportagem achando que fosse uma forma de esclarecer e fazer cessar os estados de ânimos alterados, consequência da tragédia em Porto Alegre.


O repórter poderia ter citado o valor absurdo que os governos brasileiros (em âmbitos federal, estadual, distrital e municipal) gastam anualmente com as mortes e internações hospitalares decorrentes dos incontáveis acidentes de trânsito em todo o país e fazer um contraponto com o valor irrisório investido em campanhas de educação e sensibilização. O Denatran e o Detran de cada unidade da federação disponibilizam em seus sites diversas pesquisas, anuários e boletins que esclarecem esses pontos.


Faltou dizer que, por natureza, grande parte das pessoas que se envolvem com a Massa Crítica em todo o planeta são pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte diário e que pedalam a maior parte do tempo sozinhas, sofrendo toda forma de agressão no trânsito. Tais pessoas convivem com a indiferença e omissão por parte dos governos constituídos e de alguns “mautoristas” que, certos da impunidade e da falta de fiscalização, são capazes de qualquer ato para chegar mais rápido ao seu destino.


Faltou informar que, por natureza, as pessoas que se envolvem com a Bicicletada em todo o Brasil são pessoas com ideias e propostas reais de soluções para o caos que vivemos nos grandes centros urbanos. São pessoas que compreendem o problema e não aceitam viver na condição de abmudos. Por isso, dedicam grande parte de seu tempo para fazer a interlocução com os governos, pois somente por rmeio de políticas públicas sérias e eficientes é que conquistaremos cidades mais humanas e boas para se viver.


O desenvolvimento de atividades efetivas como o “Bike Anjo” em SP (citado ao final da matéria), é louvável e são bem vistas e recorrentes entre os cicloativistas de diversas partes do mundo. Os usuários de bicicletas que querem e tentam contribuir para a expansão e consolidação da cultura da bicicleta no Brasil se envolvem profudamente nas diversas questões relacionadas a esse tema e, felizmente, estão conseguindo sensibilizar cada vez mais a população e, aos poucos, também os governos e outras autoridades aqui constituídas.


Não se pode aceitar que matérias escritas de forma equivocada criem um ponto de discórdia entre os usuários dos diversos modais. Trânsito seguro é aquele no qual as pessoas se tratam com gentileza e respeito, é aquele onde o maior respeita o menor e os motorizados zelam pelas vidas dos não motorizados.


É com o desejo de esclarecimento e não de confronto que finalizo e assino esta carta de desagravo.


Atenciosamente,

Renato Zerbinato

quarta-feira, 2 de março de 2011

A Bicicleta e o Código de Trânsito Brasileiro

A Bicicleta e o Código de Trânsito Brasileiro
(Lei Federal n° 9.503/97)

b Artigo 21. Compete aos órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição:

II - planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e promover o desenvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;

b Artigo 29, § 2º. Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres.

b Artigo 38. § único. Durante a manobra de mudança de direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de preferência de passagem.

b Artigo 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.

b Artigo 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais veículos:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;

Medida administrativa - retenção do veículo e recolhimento do documento de habilitação.

b Artigo 171. Usar o veículo para arremessar, sobre os pedestres ou veículos, água ou detritos:

Infração - média;

Penalidade - multa.

b Artigo 181. Estacionar o veículo:

VIII - no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre, sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios, ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de pista de rolamento, marcas de canalização, gramados ou jardim público:

Infração - grave;

Penalidade - multa;

logo5globo.jpgMedida administrativa - remoção do veículo;

b Artigo 192. Deixar de guardar distância de segurança lateral e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, a velocidade, as condições climáticas do local da circulação e do veículo:

Infração - grave;

Penalidade - multa.

b Artigo 193. Transitar com o veículo em calçadas, passeios, passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardinamentos, canteiros centrais e divisores de pista de rolamento, acostamentos, marcas de canalização, gramados e jardins públicos:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa (três vezes).

b Artigo 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:

Infração - média;

Penalidade - multa.

b Artigo 214. Deixar de dar preferência de passagem a pedestre e a veículo não motorizado:

I - que se encontre na faixa a ele destinada;

II - que não haja concluído a travessia mesmo que ocorra sinal verde para o veículo;

III - portadores de deficiência física, crianças, idosos e gestantes:

Infração - gravíssima;

Penalidade - multa.

IV - quando houver iniciado a travessia mesmo que não haja sinalização a ele destinada;

V - que esteja atravessando a via transversal para onde se dirige o veículo:

Infração - grave;

Penalidade - multa.

b Artigo 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito:

XIII - ao ultrapassar ciclista:

Infração - grave;

Penalidade - multa;


Compilação feita por Uirá Lourenço


terça-feira, 1 de março de 2011

Manifestação pela paz nas ruas e contra a impunidade nos crimes de trânsito.




Manifestação pela paz nas ruas e contra a impunidade nos crimes de trânsito.

A tentativa de homicídio praticada pelo motorista gaúcho Ricardo Neis na última sexta-feira (25), durante ato da Massa Crítica de Porto Alegre, chocou o país e tem inspirado manifestações de repúdio ao agressor e solidariedade às vítimas em diversas cidades brasileiras e até no exterior.Pelo menos 16 ciclistas foram atropelados e cerca de 40 pessoas ficaram feridas em decorrência da atitude criminosa do motorista, cuja prisão já foi pedida pelo Ministério Público.


A Massa Crítica/Bicicletada reúne ciclistas sempre na última sexta-feira do mês para reivindicar respeito aos adeptos da bicicleta e pedestres no trânsito. Na última segunda-feira (28), integrantes da Bicicletada de São Paulo foram às ruas para protestar contra o atropelamento dos ciclistas gaúchos e cobrar punição ao responsável. Grupos similares das cidades de Aracaju, Curitiba, Rio de Janeiro, Buenos Aires e São Francisco já confirmaram a realização de atos semelhantes ainda para esta semana.


Nesta quinta-feira (3), é a vez de os ciclistas de Brasília se manifestarem contra a barbárie no trânsito. Além da solidariedade aos participantes da Massa Crítica de Porto Alegre, motivos locais não faltam: em 10 anos (2000 a 2009), cerca de 2 mil pedestres e ciclistas foram mortos no trânsito do Distrito Federal. Em média, um ciclista morre por semana no DF. A mais recente morte registrada aconteceu no último dia 20, na EPTG, que tem sido um dos principais focos de incidentes deste tipo. No mesmo dia, outro ciclista foi atingido e arrastado por um taxista no Recanto das Emas. Os dois motoristas fugiram e não prestaram assistência.


A combinação de vias expressas com alto limite de velocidade, falta de estrutura para ciclistas (menos de 10% dos 600 km de ciclovias prometidos pelo GDF nos últimos anos foram concluídos) e de campanhas educativas e fiscalização contra abusos dos motoristas só tem contribuído para agravar as estatísticas.


É com o objetivo de denunciar esta realidade e cobrar uma mudança de postura do poder público que diversos grupos de ciclistas do DF se reúnem nesta quinta a partir das 12h, em frente ao Museu Nacional, numa pedalada que segue até o Congresso Nacional, onde será realizado ato público de repúdio à violência e pelo respeito a ciclistas e pedestres no trânsito.


Serviço: Manifestação pela paz nas ruas e contra a impunidade nos crimes de trânsito
Data: 3/3 (5ª-feira), concentração às 12h
Local: Praça das Bicicletas (cimentão do Museu da República).
Pedaladas até o Congresso Nacional


Campanha Visual - Não Foi Acidente


ATROPELAMENTO EM POA - NÃO FOI ACIDENTE



Se você se solidariza com a causa das bicicletas; se é contra a impunidade de assassinos, estejam eles à pé ou de carro; se é a favor de um trânsito diverso e humano; se odeia os monstroristas; e se gosta de bicicletas, da vida, de liberdade... Coloque essa foto no seu perfil do Orkut, Facebook, Twiter, ou qualquer rede social da qual você faça uso. Esse episódio infeliz e criminoso jamais poderá ser esquecido.Sabemos que isso é apenas uma pressão ético-estética, mas o símbolo sempre teve um papel importante como espelho daquilo que acreditamos ou pela qual lutamos. Apenas colocar a imagem no Facebook não é o suficiente, mas ajuda, por um lado, a despertar as consciências. Se puder, faça parte.