Tentei o contato com o jornalista Rodrigo Vizeu, mas o mesmo não me deu retorno.
Publico aqui na íntegra para conhecimento de todos.
Nem todo brasileiro é apaixonado por carros
É com indignação e repúdio que redijo esta carta de desagravo, a qual tem como objetivo esclarecer sobre a matéria publicada na Folha. Intitulada “Com "bicicletadas", ativistas declaram guerra aos "monstroristas", a matéria foi escrita pelo jornalista Rodrigo Vizeu e publicada em 9/03/2011. (http://www1.folha.uol.com.br/
Entre os dias 3 e 4 de março, O sr. Rodrigo Vizeu entrou em contato por telefone dizendo que estava montando uma matéria sobre a repercussão da tentativa de homicídio coletivo que aconteceu contra participantes da Massa Crítica (Bicicletada) de Porto Alegre, em 25/02/2011.
Como participante - e não representante – da Bicicletada Brasília, conversei longamente com o repórter e falei claramente sobre a situação de quem usa a bicicleta como meio de transporte, não só em Brasília como em todo o país. Falamos também das diversas manifestações em apoio à Massa Crítica de Porto Alegre, que acontecem não só no Brasil, mas também em outros países onde o fenômeno desmotorizado chamado “Critical Mass” se realiza há vários anos.
Infelizmente, o jornalista não captou o teor das conversas ou preferiu dar um tom sensacionalista para a questão, transformando a matéria em um ponto de divergência e certamente de polêmica, o que, de fato, pode contribuir para essa “guerra velada” que o citado repórter fez questão de criar.
Em momento algum, eu afirmei que sou contra o uso do carro. Defendo seu uso de forma racional e defendo, acima de tudo, o direito dos pedestres, ciclistas e pessoas com dificuldades de locomoção. Não se pode publicar algo com tanta falta de responsabilidade. O tom da matéria, a começar pelo título, é desrespeitoso e tem a clara intenção de criar um clima de terror e agressão entre motoristas e usuários de bicicleta.
Expressões como "monstroristas", "mautoristas", "frustrados que compraram carro para respirar fumaça", "covardes", todas citadas na matéria, não são usadas genericamente. Não é assim que nos referimos a qualquer pessoa atrás de um volante. Tais expressões são usadas em diversas situações para fazer referência aos milhares de motoristas que usam seus carros com egoísmo, transformando-os em uma arma que ameaça e ceifa milhares de vidas ao ano.
Acredito que a lei tenha que ser mais dura e exemplar para pessoas como o sr. Ricardo Neis, que utilizou o seu veículo como arma num momento de frustração pessoal e raiva incontida e fez um “strike” nas pessoas que participavam da celebração alegre realizada pela Massa Crítica em Porto Alegre.
O repórter Rodrigo Vizeu teria sido mais feliz se usasse outros elementos das conversas que teve com as pessoas citadas na reportagem. Não as conheço, mas tenho a tranquilidade de dizer que, assim como eu, elas também foram solícitas e contribuíram com a reportagem achando que fosse uma forma de esclarecer e fazer cessar os estados de ânimos alterados, consequência da tragédia em Porto Alegre.
O repórter poderia ter citado o valor absurdo que os governos brasileiros (em âmbitos federal, estadual, distrital e municipal) gastam anualmente com as mortes e internações hospitalares decorrentes dos incontáveis acidentes de trânsito em todo o país e fazer um contraponto com o valor irrisório investido em campanhas de educação e sensibilização. O Denatran e o Detran de cada unidade da federação disponibilizam em seus sites diversas pesquisas, anuários e boletins que esclarecem esses pontos.
Faltou dizer que, por natureza, grande parte das pessoas que se envolvem com a Massa Crítica em todo o planeta são pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte diário e que pedalam a maior parte do tempo sozinhas, sofrendo toda forma de agressão no trânsito. Tais pessoas convivem com a indiferença e omissão por parte dos governos constituídos e de alguns “mautoristas” que, certos da impunidade e da falta de fiscalização, são capazes de qualquer ato para chegar mais rápido ao seu destino.
Faltou informar que, por natureza, as pessoas que se envolvem com a Bicicletada em todo o Brasil são pessoas com ideias e propostas reais de soluções para o caos que vivemos nos grandes centros urbanos. São pessoas que compreendem o problema e não aceitam viver na condição de abmudos. Por isso, dedicam grande parte de seu tempo para fazer a interlocução com os governos, pois somente por rmeio de políticas públicas sérias e eficientes é que conquistaremos cidades mais humanas e boas para se viver.
O desenvolvimento de atividades efetivas como o “Bike Anjo” em SP (citado ao final da matéria), é louvável e são bem vistas e recorrentes entre os cicloativistas de diversas partes do mundo. Os usuários de bicicletas que querem e tentam contribuir para a expansão e consolidação da cultura da bicicleta no Brasil se envolvem profudamente nas diversas questões relacionadas a esse tema e, felizmente, estão conseguindo sensibilizar cada vez mais a população e, aos poucos, também os governos e outras autoridades aqui constituídas.
Não se pode aceitar que matérias escritas de forma equivocada criem um ponto de discórdia entre os usuários dos diversos modais. Trânsito seguro é aquele no qual as pessoas se tratam com gentileza e respeito, é aquele onde o maior respeita o menor e os motorizados zelam pelas vidas dos não motorizados.
É com o desejo de esclarecimento e não de confronto que finalizo e assino esta carta de desagravo.
Atenciosamente,
Renato Zerbinato
Renato, muito bem dito. Sugeri ao @folha_ombudsma que colocasse AGORA o sr. Renato Vizeu para fazer um estudo sobre o OUTRO LADO DA QUESTÃO. Por um mês, ele teria de usar a bicicleta para tudo, no dia a dia, e depois de um mês, deveria escrever uma matéria COM CONHECIMENTO DIRETO DE CAUSA, sobre como é ser ciclista no Brasil! Pena que o tal @folha_ombudsma só existe para dar impressão que existe! Mas que a idéia é boa, é, né não?!
ResponderExcluirConsertando... @folha_ombudsma disse (acabo de ler) que encaminhou nossos protestos contra o sr. Renato Vizeu a redação da Folha. Duvido que surja algo, mas consegui dar minha idéia de que ele passe para o lado de cá e venha sentir na pele a "guerra" que ele quis empurrar para vender jornal! Pior que se ele for obrigado a pedalar 1 mês, depois não larga mais, aí a gente vai ser culpado disto tb! KKKK
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