segunda-feira, 27 de junho de 2011

Com poucas ciclovias, quem anda de bicicleta no DF precisa redobrar atenção

Com poucas ciclovias, quem anda de bicicleta no DF precisa redobrar atenção

Marco Prates

Publicação: 27/06/2011 08:00 Atualização:

Na manhã de ontem, dois amigos que andavam de bicicleta foram atropelados no fim do Eixão Norte (Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Na manhã de ontem, dois amigos que andavam de bicicleta foram atropelados no fim do Eixão Norte

A convivência entre ciclistas e motoristas nas vias do Distrito Federal nem sempre é pacífica. Quando ocorrem acidentes, o lado mais fraco sempre leva a pior. Foi o que ocorreu ontem com dois amigos, Luciano Coelho, 34 anos, e Ricardo Schonbooh, 36, que acabaram surpreendidos no fim do Eixão Norte, pouco antes da Ponte do Bragueto, por um Corolla preto. O veículo colidiu com a traseira das bicicletas guiadas pelos dois homens.

O acidente reforça a ideia de que Brasília que acolhe mal veículos não motorizados. As largas avenidas no centro da capital são apenas para automóveis. Mesmo vias construídas recentemente, como a nova Estrada Parque Taguatinga (EPTG), são reformadas apenas para abrigar melhor a crescente frota de carros. Assim, com apenas 42 quilômetros de pistas reservadas às bicicletas em todo o DF, na maioria dos trajetos motoristas e ciclistas precisam dividir o espaço.

As regras estão no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), desconhecido pela maioria dos que se aventuram no asfalto, sobre duas ou quatro rodas.Na colisão de ontem, os dois ciclistas seguiam à direita da pista, no sentido do fluxo, rumo ao Lago Norte.

A motorista Anaya Martins Carvalho, 28 anos, alegou não ter visto a dupla por causa da incidência da luz do sol no para-brisa do veículo. Ela se recusou a fazer o teste de bafômetro, foi multada em R$ 957, teve a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) recolhida e vai responder a processo. Segundo familiares, Anaya voltava da festa de casamento da melhor amiga, que ela própria havia ajudado a organizar. Ela negou que tivesse ingerido bebida alcoólica.

Luciano e Ricardo, apesar do estrago deixado no veículo, não tiveram fraturas nem lesões sérias, mas passaram o dia em observação na ala de neurocirurgia do Hospital de Base.Mesmo quando não há acidentes, a competição entre carro e bicicleta pode ser vista diariamente. “O motorista é muito mal-educado e acha que bicicleta não é transporte”, reclama o cartunista Luigi Pedone, que pedala 60 quilômetros todos os dias, para ir e voltar do Plano Piloto, onde trabalha, e Sobradinho, onde mora.

Condutores de veículos motorizados, por sua vez, protestam. “Alguns fazem coisas absurdas e são muito desatentos”, afirma o motorista de ônibus Lourival Pereira, 43 anos. Para Márcio de Andrade, diretor do Instituto Nacional de Educação de Trânsito (Inetran), a maior parte das rusgas entre as partes poderia ser evitada com o cumprimento da legislação existente (Veja O que diz a lei).

Distância mínima
Muitos motoristas não sabem, por exemplo, que é preciso manter uma distância mínima de 1,5 metro ao ultrapassar um ciclista que segue pelo lado direito. “É preciso diminuir a velocidade. Se algum outro vem no sentido contrário, ele terá que esperar”, afirma o especialista Márcio de Andrade. Nesse caso, segue-se o princípio de que, no trânsito, o mais forte protege o mais fraco.Alguns dos que andam de bicicleta pelas vias do DF também têm sua cota de responsabilidade nos acidentes. Na última sexta-feira, dos 10 ciclistas encontrados pela reportagem na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), por volta das 15h, cinco seguiam no sentido contrário da via, o que é proibido. Um deles era o armador Francimar Pereira dos Santos, 23 anos, que disse conhecer as normas. “Mas assim a visão é melhor. De costas, não vejo nada”, afirma Francimar, que mora no Riacho Fundo 1 e trabalha em Samambaia.

Para o especialista Márcio de Andrade, há uma razão forte para essa determinação. “Em uma colisão, você tem somadas as velocidades nos dois sentidos. O impacto e o estrago são muito maiores.”Por lei, as autoridades de trânsito são responsáveis por fiscalizar e punir as infrações cometidas.

Na prática, no entanto, ninguém é multado. Ciclistas que andam em áreas proibidas ou seguem em fluxo contrário ao da via, por exemplo, são apenas advertidos. “A abordagem termina em orientação. O agente não vai vincular a infração com bicicleta à carteira de motorista dele”, afirma o diretor de educação do Detran, Marcelo Granja.

Atenção
Enquanto o programa de ciclovias do GDF, iniciado em 2006, planeja construir 600 km de vias para ciclistas não avança, a ordem é manter a atenção para reduzir as mortes nas pistas do Distrito Federal. Segundo o Detran, em 2010, foram 34. Até março deste ano, sete.

O que diz a lei
O Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997) dispõe, entre outros temas, sobre regras e penalidades envolvendo ciclistas e condutores de automóveis.
O artigo 29, parágrafo XII, inciso 2º, estabelece que “os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”. Significa dizer que as bicicletas têm prioridade, por exemplo, numa manobra de mudança de direção.
O artigo 58 estabelece ainda que “nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nas bordas da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores”.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

ONG Rodas da Paz elege nova diretoria!

No dia 9 de junho, foi eleita em assembleia geral a nova diretoria da ONG Rodas da Paz, num processo democrático e transparente. Uma nova equipe passa a assumir a administração da entidade, na certeza de trilhar um gratificante e árduo caminho neste próximo biênio de gestão.



Novos sócios e parceiros também se congregaram para fazer crescer ainda mais o conjunto de colaboradores, bem como acrescentar ainda mais valor às nossas atividades.


Acreditamos que os trabalhos a serem desenvolvidos devem ter sempre a mobilidade sustentável como norteamento, tendo a construção de uma sociedade mais agradável, digna e justa como um horizonte possível a ser alcançado, onde a bicicleta possa ser segura e amplamente usada como meio de locomoção tranquilo e inclusivo.


Nossos objetivos vislumbram o usuário da bicicleta como transporte diário ou esporádico, no lazer e esporte. Nossos compromissos se firmam no diálogo constante com o poder público, sociedade civil e empresas públicas e privadas, fomentando a mobilização pela causa da bicicleta como meio de locomoção a ser assegurando e integrado a outros modais, numa articulação pautada pela garantia do direito à vida e à sua qualidade.


A Ong Rodas da Paz, de grande renome em Brasília, possui uma trajetória de reconhecimento amplo e respeitável, e nos propomos a solidificar este legado. Agradecemos à gestão anterior por todo o empenho prestado e pelos votos de confiança em nós depositados. Agora se inicia uma nova jornada, com muito trabalho pela frente e boas perspectivas de mudança e atuação.



Convidamos a todos e todas (sócios, parceiros, voluntários e colaboradores) para se juntarem a nós nesse processo e construirmos juntos uma organização comprometida com a mudança de nossa sociedade para um espaço de maior convívio social.

Atenciosamente,

Uirá Lourenço
Presidente

Beth Davison
Vice-Presidente

Mara Marchetti
Secretária Executiva

Ana Júlia Pinheiro
Secretária de Comunicação

Jonas Bertucci
Secretário Financeiro

Vinícius Vianna
Secretário Executivo

Pérsio Mario Davison
Secretário Institucional

Conselho Fiscal
Wilson Brasil, Gilvan João da Silva e Viviane dos Santos Brandão









Da esquerda para a direita:
Vinicius Vianna, Ana Júlia Pinheiro, Pérsio Davison, Mara Marchetti, Beth Davison, Uirá Lourenço e Jonas Bertucci

terça-feira, 7 de junho de 2011

Frente Parlamentar em Defesa das Ciclovias deve ser criada

Extraído de: PT na Câmara - Site Oficial da Liderança do PT - 30 de Maio de 2011

A deputada Marina Sant'Anna (PT-GO) está recolhendo assinaturas de deputados (as) e senadores (as) para a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Ciclovias. Segundo a deputada, o objetivo da Frente é contribuir para a humanização do trânsito, com a adoção de vias que permitam o uso das bicicletas como meio de transporte de baixo custo, ambientalmente correto e fisicamente saudável. "O país precisa democratizar o acesso às vias públicas. E isso só pode acontecer com a construção de ciclovias, principalmente nas grandes cidades, visando reduzir o número de acidentes fatais e congestionamentos, incentivar a atividade física, baratear os custos de transporte para o trabalhador, além de diminuir a poluição sonora e a emissão de poluentes no ar", argumenta.

Para Marina, apesar dos projetos de alargamento das vias públicas e construção de viadutos, por exemplo, já é perceptível o esgotamento das soluções para se melhorar as condições do trânsito nas metrópoles brasileiras. De acordo com a deputada, o uso da bicicleta viria solucionar esse tipo de problema pois, além de viável, esse meio de transporte pode ser adotado em qualquer cidade, seja plana, montanhosa ou mesmo sob qualquer tipo de clima.

Para que isso ocorra, lembra a deputada, é preciso garantir a construção de vias seguras para o uso das bicicletas. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), cabe aos órgãos e entidades rodoviários da União, Estados, Distrito Federal e municípios promover o desenvolvimento da circulação e a segurança dos ciclistas".

Os deputados petistas Ságuas Moraes (PT-MT) e Vicentinho (PT-SP) também trabalham pela viabilização da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Ciclovias.

Héber Carvalho


Fonte: http://www.jusbrasil.com.br/politica/7075571/frente-parlamentar-em-defesa-das-ciclovias-deve-ser-criada

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mapeamento ajuda ciclista a escolher melhor rota

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO


Quem sai de bicicleta da praça Oswaldo Cruz, no Paraíso, em direção à praça Itália, próxima ao largo da Batata, tem dois percursos possíveis: o óbvio e o alternativo.

O óbvio é aquele geralmente usado por quem anda de carro, passando por toda a extensão da avenida Paulista e, depois, da Rebouças.

O alternativo não passa por nenhuma grande avenida e faz um ziguezague dentro dos bairros.

Esse segundo trajeto é mais seguro para os ciclistas: passa por ruas com menos movimento de veículos pesados, mais planas, também largas e até mais arborizadas.

É a rota que ciclistas experientes costumam escolher, depois de alguma prática.

Foi com isso em mente que o pesquisador do Cebrap Leandro Valverdes idealizou um projeto que já tinha sido pensado por outros ciclistas e que já é adotado em cidades como Nova Iorque: o mapeamento de ciclo-rotas para quem usa a bicicleta como meio de transporte no centro expandido paulistano.

"A chave para pedalar em São Paulo é a escolha dos caminhos, que não coincidem com os caminhos feitos de carro", diz Valverdes.

A jornalista Verônica Mambrini, 28, demorou algumas semanas para ter esse "estalo" quando começou a pedalar para o trabalho, no trajeto Pompeia-Lapa, há quatro anos. No começo, ela ia pela av. Pompeia, passava pelo viaduto da Antártica e seguia pela av. Marquês de São Vicente. Depois, passou a usar apenas as vias dentro do bairro Vila Romana.

"Pelas ciclo-rotas dá para dar uma relaxada, pedalar mais tranquila". Para quem é adepta do movimento "cycle chic", que prefere pedalar com a roupa do trabalho --inclusive salto alto e maquiagem--, tranquilidade é um alvo, que Verônica busca em conversas com amigos mais experientes.

O empresário Eduardo Grigoletto, 33, também gostou da ideia das ciclo-rotas. Hoje ele faz o próprio roteiro com ajuda do Google Maps, mas diz que há caminhos sem alternativas, como o que ele percorria diariamente entre o Planalto Paulista, perto do aeroporto de Congonhas, e o Bom Retiro --passando por avenidas grandes como Jabaquara, Domingos de Moraes, Vergueiro e Tiradentes.

O projeto, financiado pela Secretaria Municipal de Esportes, começou há duas semanas com um levantamento prévio dos polos geradores de viagem da cidade, como escolas, universidades, comércios, equipamentos culturais e estações de metrô.

Na semana que vem, três ciclistas, munidos de GPS, vão percorrer as ruas num trabalho de campo, para traçar os melhores roteiros, considerando o tráfego, a largura das vias, os morros, qualidade do piso, arborização e presença de atrativos culturais. A ideia é que em setembro o mapa já esteja pronto e possa ser usado inclusive pela sinalização da CET.

Em 2010, 49 ciclistas morreram em acidentes de trânsito --foram 61 em 2009.