regras
Medidas antitráfego
ONG Movimento Nossa São Paulo propõe medidas antitráfego. Conheça as principais propostas do plano que prioriza a circulação de ônibus e bicicletas e quais as possibilidades de que eles venham a sair do papel em breve
Marcelo Moura
Revista Veja São Paulo – 18/08/2010
Anunciada no último dia 28 de julho pelo prefeito Gilberto Kassab, a restrição ao trânsito de caminhões e motos em um trecho da Marginal Pinheiros e nas avenidas dos Bandeirantes e Jornalista Roberto Marinho seguiu um roteiro comum às regras que organizam o vaivém na cidade: foi apresentada às vésperas de entrar em vigor. “Boas ou ruins, as mudanças nessa área são feitas sempre na base da canetada”, afirma Maurício Broinizi, coordenador executivo do Movimento Nossa São Paulo, ONG criada em 2007. Por não enxergar na cidade nenhum plano geral de mobilidade, o movimento resolveu apresentar um à prefeitura. O estudo será enviado à Câmara de Vereadores em setembro. Se forem postas em prática, as medidas acabarão por espremer ainda mais o espaço dos carros de passeio. “Nosso sistema viário não dará conta do crescimento da frota nos próximos anos” acredita Broinizi. Conheça as principais propostas e qual a possibilidade de que venham a sair do papel em breve:
AUMENTAR O NÚMERO DE CORREDORES DE ÔNIBUS
Viabilidade: média
A ideia é reservar faixas exclusivas para ônibus em praticamente todas as vias de grande tráfego da cidade. Como primeira consequência, haveria a redução do espaço para os motoristas e o aumento dos congestionamentos. “Isso deixará de ser um problema quando o público que anda de carro passar a ver o corredor como um benefício”, diz Broinizi. O exemplo é o programa Transmilenio, implantado em 1998 por Bogotá, na Colômbia: faixas exclusivas com pontos de ultrapassagem entre os ônibus e cobrança de bilhete único nas estações, para não haver demora no embarque. Lá, os coletivos têm capacidade para até 240 pessoas, passam a cada quatro minutos e andam à velocidade média de 27 quilômetros por hora. Segundo a prefeitura de Bogotá, um em cada cinco motoristas adotou o ônibus. “O custo do quilômetro de um bom corredor fica em torno de 90 milhões de reais. É um quarto do valor do quilômetro do metrô e não leva décadas para ficar pronto”, explica Broinizi.
TIRAR DO PAPEL AS CICLOVIAS PROJETADAS
Viabilidade: alta
O Plano Diretor Estratégico do município para o período de 2006 a 2012 prevê a criação de 367 quilômetros de ciclovias, ligando terminais de ônibus, trens e metrô. Hoje, a cidade tem cerca de 50 quilômetros, 20 deles dentro de parques. Com população pouco menor que a de São Paulo, Nova York conta com 675 quilômetros de ciclovias.
DIMINUIR OS DESLOCAMENTOS
Viabilidade: baixa
Não tem a ver com carros ou ruas, mas interfere no trânsito: a cidade ficará menos congestionada se as pessoas encontrarem o que procuram perto de casa. “Em Amsterdã, na Holanda, os estudantes não caminham mais de quinze minutos até o colégio”, afirma Broinizi. Sai caro criar pequenos hospitais e escolas em cada esquina, mas, ainda assim, o Movimento Nossa São Paulo acredita que é possível aproveitar esse modelo no planejamento diário. E evitar a centralização. “Quando transferiram a sede do Tribunal do Júri do Fórum de Santo Amaro para a Barra Funda, em 2008, 3 milhões de pessoas ficaram desassistidas”, conta Broinizi. Agora, sempre que precisam resolver algum problema com a Justiça, têm de ir até a Zona Oeste.
DAR PRIORIDADE AO PEDESTRE
Viabilidade: alta
De quatro pessoas que morrem por dia no trânsito de São Paulo, duas são pedestres, segundo o Movimento Nossa São Paulo. Para mudar esse quadro, a cidade necessita de calçadas mais adequadas a deficientes físicos, mais faixas para atravessar a rua e maior fiscalização aos avanços de sinal. Nem a Avenida Paulista, no coração da cidade, escapa das críticas. Para Broinizi, os sinais de trânsito não dão tempo para os idosos atravessarem de um lado ao outro e eles ficam ilhados no meio da avenida.
CRIAR UM PLANO DE MOBILIDADE
Viabilidade: alta
A ONG propõe a criação de um fórum de discussão do governo com a sociedade. O exemplo é o Pacto pela Mobilidade, de Barcelona, na Espanha, que reúne prefeituras, sindicatos de motoristas, associações de vítimas de acidentes de trânsito e empresas que dependem do transporte de mercadorias. “Beneficiários e potenciais afetados pelas mudanças no trânsito, todos sentam à mesma mesa. É importante entender para onde São Paulo vai”, diz Broinizi.
Anunciada no último dia 28 de julho pelo prefeito Gilberto Kassab, a restrição ao trânsito de caminhões e motos em um trecho da Marginal Pinheiros e nas avenidas dos Bandeirantes e Jornalista Roberto Marinho seguiu um roteiro comum às regras que organizam o vaivém na cidade: foi apresentada às vésperas de entrar em vigor. “Boas ou ruins, as mudanças nessa área são feitas sempre na base da canetada”, afirma Maurício Broinizi, coordenador executivo do Movimento Nossa São Paulo, ONG criada em 2007. Por não enxergar na cidade nenhum plano geral de mobilidade, o movimento resolveu apresentar um à prefeitura. O estudo será enviado à Câmara de Vereadores em setembro. Se forem postas em prática, as medidas acabarão por espremer ainda mais o espaço dos carros de passeio. “Nosso sistema viário não dará conta do crescimento da frota nos próximos anos” acredita Broinizi. Conheça as principais propostas e qual a possibilidade de que venham a sair do papel em breve:
AUMENTAR O NÚMERO DE CORREDORES DE ÔNIBUS
Viabilidade: média
A ideia é reservar faixas exclusivas para ônibus em praticamente todas as vias de grande tráfego da cidade. Como primeira consequência, haveria a redução do espaço para os motoristas e o aumento dos congestionamentos. “Isso deixará de ser um problema quando o público que anda de carro passar a ver o corredor como um benefício”, diz Broinizi. O exemplo é o programa Transmilenio, implantado em 1998 por Bogotá, na Colômbia: faixas exclusivas com pontos de ultrapassagem entre os ônibus e cobrança de bilhete único nas estações, para não haver demora no embarque. Lá, os coletivos têm capacidade para até 240 pessoas, passam a cada quatro minutos e andam à velocidade média de 27 quilômetros por hora. Segundo a prefeitura de Bogotá, um em cada cinco motoristas adotou o ônibus. “O custo do quilômetro de um bom corredor fica em torno de 90 milhões de reais. É um quarto do valor do quilômetro do metrô e não leva décadas para ficar pronto”, explica Broinizi.
TIRAR DO PAPEL AS CICLOVIAS PROJETADAS
Viabilidade: alta
O Plano Diretor Estratégico do município para o período de 2006 a 2012 prevê a criação de 367 quilômetros de ciclovias, ligando terminais de ônibus, trens e metrô. Hoje, a cidade tem cerca de 50 quilômetros, 20 deles dentro de parques. Com população pouco menor que a de São Paulo, Nova York conta com 675 quilômetros de ciclovias.
DIMINUIR OS DESLOCAMENTOS
Viabilidade: baixa
Não tem a ver com carros ou ruas, mas interfere no trânsito: a cidade ficará menos congestionada se as pessoas encontrarem o que procuram perto de casa. “Em Amsterdã, na Holanda, os estudantes não caminham mais de quinze minutos até o colégio”, afirma Broinizi. Sai caro criar pequenos hospitais e escolas em cada esquina, mas, ainda assim, o Movimento Nossa São Paulo acredita que é possível aproveitar esse modelo no planejamento diário. E evitar a centralização. “Quando transferiram a sede do Tribunal do Júri do Fórum de Santo Amaro para a Barra Funda, em 2008, 3 milhões de pessoas ficaram desassistidas”, conta Broinizi. Agora, sempre que precisam resolver algum problema com a Justiça, têm de ir até a Zona Oeste.
DAR PRIORIDADE AO PEDESTRE
Viabilidade: alta
De quatro pessoas que morrem por dia no trânsito de São Paulo, duas são pedestres, segundo o Movimento Nossa São Paulo. Para mudar esse quadro, a cidade necessita de calçadas mais adequadas a deficientes físicos, mais faixas para atravessar a rua e maior fiscalização aos avanços de sinal. Nem a Avenida Paulista, no coração da cidade, escapa das críticas. Para Broinizi, os sinais de trânsito não dão tempo para os idosos atravessarem de um lado ao outro e eles ficam ilhados no meio da avenida.
CRIAR UM PLANO DE MOBILIDADE
Viabilidade: alta
A ONG propõe a criação de um fórum de discussão do governo com a sociedade. O exemplo é o Pacto pela Mobilidade, de Barcelona, na Espanha, que reúne prefeituras, sindicatos de motoristas, associações de vítimas de acidentes de trânsito e empresas que dependem do transporte de mercadorias. “Beneficiários e potenciais afetados pelas mudanças no trânsito, todos sentam à mesma mesa. É importante entender para onde São Paulo vai”, diz Broinizi.
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