Folha de São Paulo, 12/07/2010 – por Ronaldo Lemos (Filho) – Caderno Folhateen.
ESTIVE EM Montréal (Canadá) na semana passada à convite da HEC, importante escola de administração de Québec. Havia muita coisa acontecendo na cidade. Entre elas o festival de Jazz, que neste ano trouxe Lou Reed e Laurie Anderson, Dave Brubeck (com 90 anos!) e boas performances de novatos, como a da furiosa cantora e multi-instrumentista Sophie Hunger.
Mas o que mais me impressionou foi uma revolução silenciosa que está acontecendo de bicicleta.
Explico. Existe uma batalha entre pedestres e donos de carros acontecendo ali. E os carros estão perdendo.
Um dos recentes movimentos da disputa é um serviço chamado Bixi (www.bixi.com), que consiste em estações de bicicleta espalhadas pela cidade.
Funciona assim: você vai até uma estação e pega uma bike (dá para pagar na hora com cartão de crédito). A partir daí, pedala até onde quiser e deixa a bicicleta de volta na estação mais próxima do destino.
O sistema é totalmente diferente do aluguel de bicicletas para passear. Ele é um sistema de transporte público. Tanto que a tarifa anual custa R$ 140. A partir daí, o uso por até meia hora é grátis. Se a bike ficar mais de meia hora sem retornar a uma estação, R$ 3 são cobrados por hora.
Onde entra a internet nisso? A tecnologia é que faz tudo funcionar. O Sol alimenta o leitor do cartão de crédito e a conexão com a rede.
Não há nenhum fio, então as estações podem ser deslocadas rapidamente.
Por meio de um aplicativo de celular, é possível saber quais as estações mais próximas e quantas bicicletas estão disponíveis.
Com isso, tudo se auto-organiza. Uma horda de bicicletas circula todos os dias guiadas pela “mão invisível” dos usuários, que vão distribuindo e redistribuindo as magrelas de maneira mais eficiente do que se houvesse alguém controlando tudo.
Ao ver isso, fiquei sonhando com o dia em que a batalha entre pedestres e donos de carro vai começar no Brasil. Eu já escolhi o meu lado.
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