sexta-feira, 23 de julho de 2010

Capacete evita 85% das lesões na bicicleta

Capacete evita 85% das lesões na bicicleta
23 de julho de 2010

Felipe Oda

Cair da bicicleta é normal na infância, quando o equilíbrio ainda não está plenamente desenvolvido. Errado, dizem os especialistas, é ignorar as medidas de proteção que podem evitar que o tombo tenha consequências mais sérias que um simples galo ou esfolado. As quedas representam a principal causa de fratura facial em crianças e jovens menores de 18 anos, de acordo com uma pesquisa que acaba de ser concluída pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O estudo, promovido pela Faculdade de Odontologia da Unicamp (câmpus Piracicaba) durou dez anos. Os especialistas acompanharam 757 pacientes e notaram que, nos casos de fratura facial, 98% das crianças não usavam acessórios de segurança, como o capacete. Meninos representam 70% dos casos. O tombo de Raphael de Souza Abreu Lima, 12 anos, combina com essa estatística. Como lembrança do dia da queda, ocorrida dentro do condomínio onde mora, guarda uma cicatriz na testa.

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“Ele estava correndo, sem capacete, caiu e bateu a testa na quina da parede. Tive que levá-lo ao hospital porque foi bem feio”, conta a mãe do garoto, a promotora Ana Carolina de Souza, 35. Mesmo depois do acidente, mãe e filho admitem que os itens de segurança não são utilizados. “Como ele anda bem (de bicicleta), não me preocupei. Já é mais crescido, não usa por vergonha”, justifica Ana. “Não gosto de usar. Eles me atrapalham”, completa Raphael.

Do estudo, os pesquisadores destacam ainda a posição do Brasil como o país com a maior incidência de traumas maxilofaciais. “A literatura médica prevê algo entre 1% e 14% na faixa etária estudada. Mas, no País, a pesquisa indicou a incidência de 30% de fraturas na mandíbula das nossas crianças”, afirma o autor do estudo da Unicamp, o cirurgião dentista José Luis Muñante–Cárdenas. Segundo ele, o osso facial mais afetado pelas ocorrências ciclísticas é a mandíbula. “Provavelmente pela exposição do osso”, diz.

A coordenadora nacional da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, estima que 85% dos traumatismos faciais poderiam ser evitados com o capacete. Para ela, o uso dos equipamentos de segurança deveria ser obrigatório em todos os passeios, até no quintal de casa. “O objetivo é proteger a criança. Então, o uso é fundamental. Os pais devem falar dos benefícios e não associar os equipamentos ao perigo”, diz.

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A queda de Beatriz Duarte de Oliveira, 8 anos, não convenceu a dona de casa Lailce Garcia Duarte Oliveira, de 49, a adotar o capacete como obrigatório. “Quando ela caiu, até pensei em colocar o capacete, mas desisti. Ela só brinca na quadra do condomínio e comigo olhando”, justifica Lailce.

Mais que cortes superficiais e susto, as quedas podem provocar danos permanentes. No caso das lesões faciais, o cirurgião plástico Dov Charles Goldenberg, especialista em cirurgias do crânio e da face do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital das Clínicas, destaca as seguintes sequelas: alteração do crescimento, perda de sensibilidade, mobilidade comprometida e complicações estéticas.

“Tudo dependerá do grau de complexidade da lesão”, diz. Para o dentista Waldyr Antônio Jorge, especializado em cirurgia bucomaxilofacial pela Universidade de São Paulo (USP), um trauma na face de crianças e adolescentes costuma ser mais severo que em adultos. “Embora tenham uma reparação mais rápida, a criança e o jovem estão em desenvolvimento ósseo e são mais frágeis que adultos”, garante.

O capacete é obrigatório para Karla (à esquerda), 7, nos passeios de bicicleta “em lugares muito movimentados”, conta o pai dela, Roberto Carlos Figueiredo, 33. A menina nunca sofreu um machucado grave. “O capacete contribuiu para isso”, diz ele. Em ambientes domésticos, porém, ela está dispensada pelo pai de usar o acessório – ao contrário do que recomendam os especialistas (Werther Santana/AE)

O capacete é obrigatório para Karla, 7 anos, nos passeios de bicicleta “em lugares muito movimentados”, conta o pai dela, Roberto Carlos Figueiredo, 33. A menina nunca sofreu um machucado grave. “O capacete contribuiu para isso”, diz ele. Em ambientes domésticos, porém, ela está dispensada pelo pai de usar o acessório – ao contrário do que recomendam os especialistas (Werther Santana/AE)


FONTE: http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/capacete-evita-85-das-lesoes-na-bicicleta/

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